
uem gosta de mato, gosta de causo. Essa é uma verdade difícil de contestar. Sentar ao redor de uma fogueira em noite estrelada e ouvir histórias de tempos passados, de gente corajosa, de gente engraçada, de gente que passou por apuros é coisa que quem trabalha no mato gosta demais de fazer. E quando não há mato e nem fogueira, uma mesa de bar vira palco de causos, que ficam melhores e melhores a cada gole. Indigenistas fazem isso muito bem. Tem história de gente que caiu da rede e virou piada de indígena, que tomou corridão de bando de queixadas, que teve roupa devorada por formigas cortadeiras, que levou choque de poraquê… E tem história de beleza de por-do-sol na beira do rio, de onça vista de perto, de revoada de tucanos, de munguba encarnada no igapó… E têm muita história triste também, de floresta queimada e destruída, de gente que viu massacres e que teve amigo assassinado, porque o Brasil é um risco para quem trabalha com direitos humanos. A cada história que eu ouvia, fosse de indígena ou de indigenista, eu queria saber mais e mais. Estas histórias provocavam em mim fascínio, mas também uma dúvida: onde estavam as mulheres indigenistas?

